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Engenharia Ecológica Chinesa

A China não brinca em serviço. Está executando os maiores projetos de reflorestamento do planeta, grandes o suficiente para mudar a paisagem de parte do país.Alguns dos aspectos mais interessantes incluem:

  1. Escala: A China é um país de grande escala, então o reflorestamento que ocorre lá pode ter um impacto significativo em nível global.
  2. História: A China tem uma longa história de reflorestamento, com alguns registros datando de mais de 1.000 anos atrás.
  3. Projetos ambiciosos: A China tem alguns projetos ambiciosos de reflorestamento em andamento, como a “Grande Muralha Verde”, que visa plantar 100 bilhões de árvores até 2050.
  4. Desafios: A China enfrenta alguns desafios únicos no esforço de reflorestamento, como a falta de espaço disponível em algumas áreas do país e a necessidade de equilibrar o reflorestamento com as necessidades econômicas.
  5. Sucessos: A China também tem alguns casos de sucesso notáveis ​​de reflorestamento, como a restauração de grandes áreas de florestas degradadas em regiões do noroeste do país.

A análise das áreas reflorestadas, utilizando imagens de satélites, indica que está dando certo. Durante o período em que a China foi governada por Mao, vastas áreas de florestas nativas foram derrubadas para a produção de lenha e material para construção.

A China está construindo uma grande muralha verde para impedir a desertificação.
A China está construindo uma grande muralha verde para impedir a desertificação.

No sudoeste da China, o efeito dessa devastação foi trágico. A desertificação e a erosão dessas áreas ameaçavam a produção de alimentos. Em 1999, a China decidiu replantar essas florestas e lançou um megaprojeto de reflorestamento.

Reflorestamento na China

Entre 1999 e 2013 já foram reflorestados 280 milhões de hectares. É o equivalente à área do Estado de São Paulo. Para você ter uma ideia do tamanho, basta lembrar que toda a soja no Brasil ocupa 33 milhões de hectares, a cana-de-açúcar, 9 milhões e as florestas de eucalipto, 4,8 milhões de hectares. Em termos de desmatamento, o Brasil perde aproximadamente 500 mil hectares de Floresta Amazônica por ano. Ou seja, em quatro anos a China plantou o equivalente a 56 anos de desmatamento amazônico!

Esses projetos consumiram US$ 19 bilhões (R$ 60 bilhões), valor equivalente ao que o Brasil gastou em educação em 2017. É muita área e muito dinheiro, mas o objetivo é mudar a ecologia de toda a região sudeste da China.

Participação do Governo nos projetos ambientais

Em 80% da área foram plantadas árvores nativas misturadas a árvores que pudessem ser cortadas no futuro de maneira sustentável. Em 20% da área foram plantadas árvores nativas com ênfase nas plantas medicinais utilizadas na China. O projeto foi financiado pelo governo, mas executado pelos agricultores locais, que receberam sementes, orientação e incentivos financeiros.

O problema de um projeto dessa magnitude é avaliar se, como um todo, ele está dando certo e é isso que foi feito agora com o uso de satélites. Imagens de toda a região obtidas anualmente entre 1982 (antes do início do programa) e 2015 foram analisadas usando dois critérios. Um deles mede a fração da área total que está coberta por vegetação, ou seja, está verde. Esse índice não permite saber quanto de vegetação se acumulou na área (não distingue um pasto de uma floresta). O segundo índice permite calcular a quantidade de carbono acumulada acima do solo em cada hectare analisado.

Os resultados são impressionantes e se referem a todo o sudoeste da China. As áreas de solo nu, sem vegetação, que passaram a ser cobertas, atingiram 5 milhões de hectares entre o ano 2000 e 2010 (isso não inclui florestas plantadas em locais onde já havia vegetação). Um reflorestamento anual equivalente ao nosso desflorestamento na Amazônia (500 mil hectares por ano).

Além disso, a quantidade total de biomassa acumulada acima do solo na área do projeto aumentou em 9%, um número grande o suficiente para alterar o balanço de carbono de toda a China. A conclusão é que o projeto está funcionando.

A remodelagem do sistema ecológico

Mas os cientistas deixam claro que essa análise precisa ser complementada com estudos no local. Os satélites não conseguem avaliar a biodiversidade do que foi plantado e a diversidade de plantas e animais que estão ocupando essas florestas. Como houve incentivo para o plantio de espécies que no futuro possam ter valor comercial (madeira e plantas medicinais), ainda não é possível avaliar quão semelhantes essas novas florestas são das florestas originais.

Esse projeto, cujo objetivo é remodelar o sistema ecológico de grandes áreas, é único no mundo e demonstra o pragmatismo chinês. Essa iniciativa demonstra que a humanidade tem condições de recompor o que destruiu. Os puristas vão argumentar que provavelmente essas florestas não são idênticas às originais, mas os chineses não se importam: é melhor preservar o solo com florestas do que perdê-lo para a desertificação e erosão. É animador.

A grande muralha verde

A “Grande Muralha Verde” é um projeto ambicioso de reflorestamento na China que visa plantar 100 bilhões de árvores até 2050. O projeto foi anunciado pelo governo chinês em 1978 como uma forma de proteger o país de tempestades de areia e outras condições climáticas adversas. A meta é criar uma “muralha verde” ao longo da fronteira norte do país, formada por florestas plantadas em linha reta.

Até agora, o projeto tem tido algum sucesso, com mais de 66 bilhões de árvores plantadas desde o início do projeto. No entanto, o projeto também enfrenta alguns desafios, como a falta de espaço disponível em algumas áreas e a necessidade de equilibrar o reflorestamento com as necessidades econômicas.

Além de proteger o país de tempestades de areia e outras condições climáticas adversas, a “Grande Muralha Verde” também tem sido promovida como uma forma de ajudar a combater as mudanças climáticas, pois as árvores plantadas ajudam a absorver dióxido de carbono da atmosfera. Além disso, o projeto também tem o potencial de gerar empregos e promover o desenvolvimento econômico local.

Reflorestamento chinês em números

A China também tem outros projetos de reflorestamento em andamento, como o programa de reflorestamento “Three-North Shelter Forest Program”, que visa plantar 100 milhões de hectares de florestas na região noroeste do país até 2050. Até agora, mais de 54 milhões de hectares de florestas foram plantados como parte desse programa.

Além disso, a China tem um objetivo de manter pelo menos 23% de sua área total coberta por florestas até 2020, o que representa um aumento de 2% em relação aos níveis de 2005. De acordo com o último relatório sobre o estado das florestas da China, o país atingiu 22,96% de cobertura florestal em 2020, o que representa um aumento de 1,81% em relação aos níveis de 2005.